Super Street Six!

Não poderia deixar passar por despercebido um carro como o do meu pai: uma Chevrolet Caravan 1978 Deluxo, com mecânica 4100cc original e escape 6×2.

Até aí tudo bem, nada demais. Mas as ideias que o velho tem com o carro, não são brincadeira!

A história do envolvimento dele com os carros é intensa desde sua adolescência. Especialmente sua paixão por Opala, Caravan, e dos motores seis cilindros em linha que os equipava, que surgiu ao comprar seu primeiro carro ‘legalmente’ (depois dos que teve quando menor de idade): um Opala Comodoro 1977 – este que depois de alguns meses se tornaria um carro de uso misto, usado como meio de locomoção dentro do ABC Paulista e participando das provas de arrancada. Depois de receber uma mecânica aspirada de pouco mais de 200hp (o que era respeitável na época), o tal ’77 chegou a participar de algumas etapas na época em que o Autódromo de Interlagos recebia o Campeonato Paulista de Arrancada, além de ter comparecido em alguns eventos na extinta pista de Guarulhos (SP).

Das pistas restaram alguns troféus e as memórias das puxadas que renderam alegria, das quais meu pai ainda descreve detalhadamente, mas o carro acabava andando mais nas ruas, por não necessitar de um investimento tão alto para fazer o carro simplesmente “andar”. As quebras na pista aterrorizavam os pilotos da época, tanto que eram poucos os que tinham pistões forjados, quanto mais bielas forjadas, naquela época.

Os passeios fora das pistas também são lembrados… o uso do diferencial soldado, 100% blocado, forçava as duas rodas traseiras girarem ao mesmo tempo (isso gera benefício na pista), e tal configuração inviabiliza o uso do carro na rua. Mesmo assim, o Opalão andava desse jeito, com um motor aspiradão de 4300cc, comando alto e uma Quadrijet 650cfm que jorrava etanol às seis bocas famintas.

Depois da venda da carroceria do Opala, que chegou a ser aliviado para subir de categoria, vieram dezenas de carros, a maioria equipado com motor VW AP. Muitos deles turbo, como dois VW Santana, uma VW Saveiro e uma VW Quantum. Mesmo assim, a vontade de voltar a ter um tração traseira empurrado por um GM seis canecos era forte, e a busca por um modelo que voltasse a diverti-lo começou. O motor do Opala, que foi guardado desde a sua venda, permanecia guardado, repousando… um instrumento que foi chave para a maldade que meu pai tinha em mente tivesse sido colocado em prática! Foram meses de pequisa em busca de um Opala modelo 75/79 em bom estado, até que a tal Caravan fosse encontrada por acaso na cidade de Londrina (PR) e trazida até São Paulo. Poucas modificações foram feitas desde então (se resumem na troca das rodas, da instalação do coletor de escape 6×2 e novos pneus), mas muitas ideias surgem e são estudadas pelo meu pai e por mim. A princípio, a ideia era montar uma mecânica aspirada, com uma Weber, comando de válvulas gringo, cabeçote preparado… mas a concepção mudou, e o velho decidiu apelar para a receita turbo + injeção eletrônica, montada no antigo bloco do ’77. 

Mesmo ainda com a mecânica original, a Caravan não é alisada pelo meu pai, que vira e mexe joga água na rua e levanta fumaça dos pneus. “É um ritual anti-stress”, como ele mesmo define. Imagina então quando vier o caracol…